“Queremos que o Geoparque Açores mostre a excelência do nosso geoturismo”
O membro da direcção e porta-voz da Associação Geoparque Açores não tem dúvidas de que a integração da região numa rede mundial de 77 parques potenciará o geo-turismo por descobrir nas ilhas. Para isso, alerta, é preciso a articulação de empresas de animação turística, operadores, associações e entidades públicas. O desafio, conta-nos, está lançado com a candidatura açoriana a aguardar a aprovação da Rede Europeia e Global de Geoparques em finais de 2012, início de 2013.
GRATER» O que é que, na prática, vai ser o GeoParque Açores?
Manuel Paulino Costa (MPC)» Neste momento, temos um conjunto de entidades com competência na gestão no território, às vezes a sobreporem-se e a repetir um conjunto de acções, por isso o objectivo, e o mais difícil talvez de atingir, é que o Geoparque Açores consiga articular e colocar todas estas entidades a falar a mesma linguagem e a venderem o mesmo produto de qualidade. A ideia é criar um conjunto de atractivos, de roteiros, de ofertas de visitação com qualidade, dentro do turismo activo, da natureza, com uma estratégia comum de promoção do geoturismo em termos internacionais. Queremos que o Geoparque Açores seja um veículo para publicitar a região como somos um destino de excelência do geoturismo, com uma gestão eficaz do território, que mostre a grande qualidade do nosso geoturismo.
GRATER» Como serão vendidas as ilhas via Geoparque Açores?
MPC» Nesta primeira fase, pensámos na criação de um conjunto de roteiros interessantes para vender os Açores. Um deles – porque há muitas pessoas que gostam do contacto com a natureza, mas não propriamente de andar a pé – é um roteiro dos miradouros. Há um conjunto de miradouros por todas as ilhas em que conseguimos fazer a interpretação da paisagem nesses locais, com pequenos painéis informativos, com folhetos complementares. Os visitantes, ao pararem nesses miradouros assinalados, poderiam interpretar a geopaisagem de cada ilha. Os percursos pedestres também serão outro roteiro para se conhecer, não só o património natural, mas o cultural. Temos também o termalismo, algo que aparece agora, já com exemplos na Ferraria, em São Miguel, e no Carapacho, na Graciosa, em que a saúde e o bem-estar podem ser incentivos. Temos também os centros de visitação e de ciências que existem, como o Centro dos Capelinhos, o Boqueirão nas Flores, o Algar do Carvão na Terceira, a Gruta Carvão em São Miguel, entre muitas outras – tudo isto são infra-estruturas que podem constituir roteiros do Geoparque Açores.
GRATER» Qual vai ser a importância do Geoparque Açores para o desenvolvimento regional?
MPC» A ideia será não só desenvolver as empresas de animação turísticas locais, como ao nível da restauração, da hotelaria, entre outros. Queremos criar parcerias com empresas unidades que possam desenvolver produtos que sejam certificados, que tenha qualidade.
GRATER» Que sinergias o Geoparque Açores vai procurar junto do sector dos transportes, seja aéreos ou marítimo, para implementar a dinâmica do Geoparque Açores?
MPC» Esse é, de momento, um dos problemas que temos. Quando queremos planificar com alguma antecedência um conjunto de viagens inter-ilhas, surge sempre o mesmo problema: nunca sabemos para o ano quais serão os horários, acontecendo o mesmo ao nível dos transportes marítimos. Vamos fazer os nossos possíveis, mas isso foge ao nosso domínio, mas era fundamental que houvesse uma política de transportes marítimos a médio prazo, para podermos planear com dois a três anos de antecedência.
Nas ligações aéreas foram criadas tarifas promocionais, mas o preço para a vinda de um não residente aos Açores, por vezes, continua a ser condicionante e mesmo proibitiva.
GRATER» Explique-nos a formação do GeoParque Açores?
MPC» Numa primeira fase, a associação foi criada com o Governo Regional, através da secretaria regional de Ambiente e do Mar (SRAM), e com as quatro associações de desenvolvimento local: a Adeliaçor, a GRATER, a ARDE e a ASDERP. Estamos agora a tentar alargar estas parcerias com a assinatura de memorandos de colaboração. Por exemplo, a ART já se disponibilizou a tal, também gostaríamos de avançar com a Associação de Turismo dos Açores (ATA), mas associações como “Os Montanheiros”, Os Amigos dos Açores” e outras e mesmo ao nível das empresas de animação turística, como as “Casas Açorianas” poderão ser nossos parceiros. Portanto, há aqui um conjunto muito alargado de entidades a ser envolvidas.
Associações são
parceiros privilegiados
GRATER» Qual o papel das associações regionais para o desenvolvimento do GeoParque Açores e dos financiamento decorrentes do Prorural?
MPC» O facto de termos escolhido, para a formação da associação Geoparque Açores, associações de desenvolvimento regional tem a ver com o seu âmbito, porque chegam praticamente a todas as populações e possuem ligações que permitem chegar às autarquias e ao Governo Regional. Acabam por ser parceiros privilegiados para passarmos a mensagem aos vários utilizadores do Geoparque Açores. Em termos financeiros, temos protocolos, nesta primeira fase, com a Secretaria Regional do Ambiente e Mar (SRAM) que nos dá uma parte do financiamento, e também do turismo, mas também temos partir para outros financiamentos e o Prorural poderá ser uma fonte de financiamento do futuro e ter um papel muito importante. Isto porque o Prorural encaixa-se perfeitamente nisto. Mas é preciso haver uma almofada financeira para avançarmos com os investimentos.
2011-05-31 00:00:00