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“O FORNO”: Doçaria regional com sabor e história

Localizada no centro de Angra do Heroísmo e na identidade da cidade está a Pastelaria “O Forno”, ininterruptamente aberta há 27 anos.
Uma longevidade que nos n.ºs 67 e 69 da Rua de São João consagrou um nome na doçaria regional e continua a atrair a comunidade local e os visitantes para o fabrico artesanal de doces e pastelaria variada.
Especialidades gastronómicas, muitas delas só aqui confeccionadas, que vão buscar a sua existência e sabor à história da própria cidade e do arquipélago.
Prova disso está não só naquela que “é a mais doce recordação da visita régia à ilha Terceira em 1901” - como sempre se refere Ana Maria Costa, a proprietária do estabelecimento, ao ex-libris dos doces: os Bolos Dona Amélia, explicando que o gosto da Rainha D. Amélia pelos pequenos bolinhos de sabor intenso, feitos com especiarias trazidas há muito pelas naus transatlânticas que aportaram na Baía de Angra, acabou por dar-lhes o seu nome.
Mas nesta pastelaria, associada da GRATER, a restante confecção é igualmente inspirada nas “estórias” da história da Terceira e dos Açores, caso dos Ladrilhos Espanhóis, dos Africanos, dos Caretas, e dos outros doces cujo sabor e nome não esquecemos, como as Cornucópias, os Feiticeiros, os Torresmos do Céu, os Rochedos, os Rebuçados de Ovos, os Camafeus, as Queijadas de Feijão, de Coco ou amêndoa, as covilhetes de leite… isto só para mencionar os pequenos doces, porque o espaço é igualmente procurado pelos seus bolos festivos e pelos doces de maiores dimensões, como o Pudim de Rolão, os pudins de Coco, de Feijão, de Amêndoa e de Noz, o Pudim Conde da Praia, O Mulato, o Presidencial, os Papos D´Anjo, até ao Doce de Vinagre, ao Arroz-Doce e à Sopa Dourada.
Uma lista que muito mérito traz à casa e à sua proprietária que começou há muitos anos a pesquisar as receitas oriundas das casas mais abastadas de Angra, sobretudo de origem conventual: “recuperei as receitas da minha mãe, mas ainda não as recuperei todas. Faltam dezenas”, referiu.


Sabores dentro
E fora da ilha
Ana Maria Costa, que acabou por “herdar” as receitas da mãe e a costela comerciante do seu pai, Manuel Pereira da Costa, também ele outrora proprietário da distinta “Pastelaria Lusa”, igualmente instalada no coração da cidade, na Rua Direita, é não só uma empresária, como uma grande dinamizadora da doçaria local.
“O Forno” tem marcado presença de forma constante em diversas mostras, feiras e certames expositivos da gastronomia da ilha, fazendo perdurar os paladares terceirenses mais doces e projectando-os fora da região.
A sua produção é sobretudo comercializada ao balcão ou na esplanada da loja, mas igualmente num ou noutro estabelecimento da ilha. Neste sentido, recorda a recente parceria com um produtor de lacticínios e carne da ilha, a Quinta dos Açores, que concebeu, em conjunto com “O Forno”, um distinto “Gelado D. Amélia”- “tem sido um sucesso. As pessoas gostam imenso do gelado”.
Fora da ilha, em Lisboa, no “Espaço Açores - Tradição & Gourmet”- um investimento das quatro Associações de Desenvolvimento Local dos Açores, a GRATER, a ARDE, a ASDEPR e a ADELIAÇOR- “O Forno” está igualmente representado: “tem sido interessante. É um bom espaço, com empresários dinâmicos, bem localizado em Lisboa. As pessoas que cá vêm ficam satisfeitas por saberem que há um sítio em Lisboa onde podem comprar os nossos doces”.
São igualmente os turistas, refere, que “acabam por levar mais longe os sabores do Forno”. Primeiro os portugueses, “estes são os que mais compram”, mas de seguida os espanhóis, denota, provavelmente devido à história entrecruzada dos países que “deram paladar” aos doces.


Qualidade
Da produção
Hoje, nesta casa que vende, contas altas, cerca de mil doces por dia e que emprega 10 funcionários, a palavra de ordem é confecção com a mais elevada qualidade, seja ao nível das matérias-primas, como no processo de fabrico. A estes dois critérios, podemos juntar o rigor e o perfeccionismo de Ana Maria Costa.
“Aprecio as coisas bem-feitas e sou a primeira a desfazer algo até a fazer como acho que deve ser”- confessa.
Um grau de exigência que é extensível às apertadas regras de segurança e higiene alimentar, e de todos os normativos legais e acções de controlo, que esta unidade de produção artesanal tem de cumprir. Nesse sentido, a empresária mantém-se a par das mais recentes formações: “é uma garantia para o consumidor. E neste campo, tem havido uma evolução muito grande”.
No que à escolha dos produtos diz respeito, não há volta a dar: “uso sempre os mesmos fornecedores e os mesmos produtos que me garantem a qualidade de sempre”, refere a artesã de doçaria tradicional.
Quanto ao futuro de “O Forno”, Ana Maria Costa não esconde que gostava que o negócio se mantivesse na família: “não só porque atingimos o ponto de qualidade que atingimos, mas porque o nome já ultrapassa a fonteira da ilha”.

2013-09-10 00:00:00


 

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