“Vivemos num país de «empresas pisca, pisca: abre aqui, encerra acolá!»”
Para Paula Santos, fundadora da Parceiros de Gestão, a criação da empresa de contabilidade e consultadoria, há mais de uma década atrás, foi um desafio ao qual não hesitou: “apesar de nem sempre ter sido fácil, sobretudo por ter entrado num mundo quase só de homens, com apenas 29 anos e sem nunca ter tido uma experiência profissional por conta de outrem nesta área”, conta à revista da GRATER Olhar O Mundo Rural.
“Hoje a Parceiros de Gestão é conhecida e respeitada, pelo que a avaliação é boa, apesar de ainda podermos melhorar, aliás porque entendo que o caminho se faz caminhando e nesse percurso há sempre coisas novas com que nos vamos deparando, as quais implicam adaptações e ajustamentos da nossa parte”, reforçou a empresária, formada em gestão de empresas.
Gestão de recursos humanos, contabilidade, fiscalidade, finanças empresariais são, além das áreas do seu percurso académico, os principais interesses da gestora e o caminho percorrido pela empresa sedeada em Angra do Heroísmo que conta, hoje, com uma equipa de dez pessoas.
Depois de ter trabalhado numa instituição de crédito, apercebeu-se da necessidade de ligar as áreas de gestão de empresas e de contabilidade, sectores que, refere, “estavam separados” no tecido empresarial local.
“Um dos objectivos iniciais, que ainda hoje mantemos inalterado, é que o nosso serviço nas empresas pudesse acrescentar valor e que não fossemos vistos como um mal necessário. Desta ideia, nasceu o nosso nome: “Parceiros de Gestão”. É isso que procuramos ser para os nossos clientes: parceiros na gestão das suas empresas”.
O principal mercado da empresa centra-se na região, embora também possua clientes no continente e mesmo “fora de Portugal, nomeadamente na Europa”, explicou, trabalhando sobretudo no sector privado, quer junto de empresas ou de particulares, mas também no sector público e com outros organismos colectivos, como instituições particulares de solidariedade social, associações desportivas, entre outras.
“Amadorismo”
no sector
empresarial local
Classificada como pequena empresa, a gestora considera que a actual dimensão da empresa, a nível de recursos humanos, está “relativamente bem dimensionada” para o mercado onde atua, embora refira que “presentemente o ideal seria termos no nosso quadro mais duas pessoas”. Contudo, reconhece que “em termos conjunturais, os tempos estão muito instáveis”, facto que, expliocu , ainda não permitiu fazer a evolução pretendida na empresa.
Questionada sobre a qualidade das empresas na região, do ponto de vista da gestão empresarial, Paula Santos não esconde existir “muito amadorismo”.
“Ainda existe muito amadorismo, infelizmente. Costumo dizer aos meus colegas de profissão que vivemos num país de «empresas pisca, pisca: abre aqui, encerra acolá!»”.
Para a responsável, trata-se de uma situação decorrente de “vários factores”: “por um lado, hoje é demasiado fácil virar-se empresário. O que é realmente difícil, é ser-se empresário. Como é demasiado fácil virar-se empresário, muitos «falsos» empreendedores entram no mercado sem o mínimo de preparação e/ou vocação e, o que acontece é que em poucos anos, destroem a sua vida privada, adulteram as condições de mercado, e acabam por encerrar”.
Paula Santos refere que nem tudo se resuma à “falta de formação”: “se isso é verdade em alguns casos, outros há em que isso não é verdade, pois tenho clientes que não tem formação académica, mas são pessoas com muita visão e que os anos de experiência lhes conferem uma bagagem, que lhes garante, à partida, uma vantagem competitiva”.
O sucesso dos empresários, garante, está em “ter visão não só do seu negócio propriamente dito, mas da necessidade constante de se manterem actualizados, dando grande importância à sua formação profissional, mas também às suas equipas de recursos humanos”.
Paula Santos sublinha igualmente a importância da evolução tecnológica “que o mundo sofreu na última década aliada ao facto da Autoridade Tributária a ter colocado ao serviço do cumprimento das obrigações fiscais”. Uma realidade que “tem vindo a permitir uma certa educação da nossa latinidade de não gostarmos de pagar impostos”, disse, referindo que, em sentido oposto, estão “as empresas que não fazem parte do grupo das «empresas pisca, pisca», aquelas que os seus dirigentes ou gestores, de algum modo, já perceberam que os nossos serviços acrescentam valor às suas empresas e não os encaram como um mal necessário ou obrigatório, ou algo que lhes é imposto. São estas empresas, que numa situação conjuntural como a actual, sofrem um abanão, mas permanecem no tempo”.
Apoios da GRATER
Foram muito
importantes
De acordo com a responsável pela Parceiros de Gestão, os apoios por via da GRATER foram “muito importantes” para o desenvolvimento e crescimento da empresa, tendo sempre sido encarados como fonte de financiamento temporária e não como subsidiodependência.
“Nunca encarei os apoios ou subsídios governamentais como algo que é dado à empresa, até porque acabamos, de uma forma ou de outra, por devolver tudo ao Estado. Porém, quando o conseguimos fazer, é bom sinal pois significa que não somos “subsídio-dependentes” e, que a empresa conseguiu com o seu investimento crescer, ao ponto de ter capacidade para devolver o “apoio” sob a forma de pagamento de impostos; criação de postos de trabalho; geração de valor acrescentado, etc. e ser capaz de caminhar com os seus pés”.
Nesse âmbito, Paula Santos denota que o financiamento fez com que o “crescimento ocorresse sem sufocar em demasia a liquidez da empresa, permitindo a sua sustentabilidade e rentabilidade”, num “timig certo”.
A Parceiros de Gestão contou com um apoio co financiado pelo FEADER e pelo ORAA, por via da GRATER, de 49 mil euros para reformulação de plataforma informática e tecnológica da empresa. Um apoio, refere, que permitiu “dar resposta em tempo útil às grandes alterações que ocorreram em 2010 no sistema contabilístico nacional e contribuiu também, não só para a criação de postos de trabalho, como também melhorar as condições de trabalho da nossa equipa de recursos humanos já existente, o que valorizamos bastante”.
Construção de
Novas instalações
Para o futuro, Paula Santos quer um novo espaço para a sua empresa. Poderá levar mais a tempo a concretizar “face à conjuntura actual”, mas os objectivos passam por construir novas infra-estruturas para a Parceiros de Gestão.
“Temos os nossos objectivos, contudo o que é mais importante é termos a noção que poderemos levar mais algum tempo para a sua concretização. Em termos de estruturas físicas, temos como objectivo a construção de novas instalações para a empresa, uma vez que as atuais foram adaptadas para a actividade da empresa e, por vezes, essa adaptação causa-nos constrangimentos ao nível da logística diária e de recursos humanos, bem como ao nível do desenvolvimento de novos serviços/actividades”.
O novo espaço, adianta, serviria não só para aprofundar o sector em que a empresa actua, mas desenvolver outros, “completamente, novos”
“Ao criarmos uma nova estrutura, gostaríamos de evoluir na melhoria dos nossos serviços, mas também direccionar a nossa actividade a novos ramos de actividade, uns paralelos à actividade que já desenvolvemos, outros completamente novos”.
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2014-05-01 00:00:00