“A grande gastronomia do país está no meio rural”
As principais e mais emblemáticas receitas portuguesas tem a sua génese nos temperos e tradições rurais. É com este pressuposto que a GRATER junta o seu desígnio de desenvolvimento regional com a promoção dos sabores e saberes locais. Reforçar e projectar a identidade local e potenciar os produtos e serviços açorianos são e têm sido os objectivos da Loja “Espaço Açores – Tradição e Gourmet, em Lisboa, do projecto transnacional ITER VITIS ou das feiras “Gosto e Sabores da GRATER.
A mobilização em torno do concurso das “7 Maravilhas da Gastronomia” faz despoletar a identidade rural que existe nas receitas e usos culinários no país nas ilhas, sustenta o presidente da direcção da GRATER – Associação de Desenvolvimento Regional, Paulo Messias.
Mais do que uma competição, que conta com o polvo assado no forno como representante açoriano, o que interessa é a projecção, discussão e, em última análise, a preservação dos pratos mais tradicionais de cada região.
“Achamos que é uma grande divulgação do nosso território”, reforçou o responsável.
Tendo por pressuposto o facto de a GRATER ter por função o desenvolvimento rural, a promoção da sua gastronomia vem de encontro a esse desígnio: “ora, a grande gastronomia do país está no meio rural. Não é citadina. A gastronomia do país é rural. Todas as nossas ementas tradicionais vieram do meio rural. E por isso, como associação de desenvolvimento rural quisemos estar associados ao projecto”.
Um envolvimento que, em parceria com a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) no âmbito da XII Feira de Gastronomia do Atlântico, no curso das festas concelhias da Praia da Vitória, passa por demonstrações diárias de vários pratos e produtos típicos das ilhas Terceira e Graciosa, bem como pela divulgação do projecto ITER VITIS, no qual a GRATER é parceira na inclusão da região em rotas mundiais de vinhos.
Segundo Paulo Messias, “ao chamarmos a atenção para as maravilhas que são, de facto, a nossa gastronomia – porque temos imensa qualidade na nossa gastronomia, alguma dela já bem conhecida mundialmente –, está-se a promover o desenvolvimento rural”.
Uma gastronomia açoriana, refere, que difere de ilha para ilha, e mesmo “de freguesia para a freguesia”. Diferentes temperos e tradições que, à mesa, reconhece, podem desencadear “bairrismos”, mas, acima de tido, “paixões”: “as pessoas, ao falarem sobre o que comem, falam sobre o que nos identifica e o que nos distingue”.
Gostos e sabores
em feiras GRATER
Ao longo dos últimos anos, a divulgação da gastronomia açoriana tem sido uma aposta da GRATER, sob diferentes formas, entre elas, a organização de duas feiras de gastronomia “Gostos e Sabores da GRATER”.
O responsável pela associação conta que ao convidarem “os mais antigos de cada uma das freguesias da nossa área de intervenção, os grupos de idosos, o folclore, para animarem e confeccionarem as receitas tradicionais”.
O resultado foi não só um regresso ao passado culinário, às origens dos pratos mais tradicionais da ilha, sustenta, como um esforço para os perpetuar no futuro, junto dos mais novos.
“Durante um fim-de-semana” – recorda – tivemos o caldo de nabos, o caldo temperado, a alcatra, os nossos vinhos”, numa, compara, “espécie de 7 maravilhas a nível local”.
O resultado, afiança, “foi um sucesso, correu mesmo muito bem. Isto tem vindo a criar raízes e – o mais importante – a fazer com que os mais novos tenham conhecimento de receitas – algumas delas a desaparecer – e queiram continuá-las”, não só conhecendo-as, mas sobretudo, confeccionando-as perante as mais escassas rotinas culinárias hoje em dia.
Sabores das ilhas
em loja lisboeta
A Loja “Espaço Açores – Tradição e Gourmet”, localizada no centro de Lisboa, é outra das conquistas no campo da divulgação gastronómica açoriana da GRATER, em parceria com a ARDE- Associação Regional para o Desenvolvimento, ASDEPR - Associação para o Desenvolvimento e Promoção Rural e a ADELIAÇOR - Associação para o Desenvolvimento de Ilhas dos Açores.
Inaugurada em Abril de 2009, este espaço comercial em pleno baixa, na rua São Julião, vende desde lacticínios, carnes, compotas, chás, frutas a artesanato, música e literatura insular.
“Quem quiser comprar produtos dos Açores pode ir a essa loja e adquirir lá os nossos sabores – é uma verdadeira montra açoriana”.
Paulo Messias recorda que a GRATER tem actualmente em vigor um programa de apoio ao transporte para a colocação de produtos no “Espaço Açores – Tradição e Gourmet”.
Vinhos açorianos
em promoção
A parceria da GRATER no projecto “Rotas dos vinhos” é também um exemplo da aposta desta colectividade na promoção da mesa açoriana. Trata-se de uma iniciativa enquadrada no Projecto de Cooperação Transnacional ITER VITIS que, explicou, está em fase de ultimação.
Aqui, a Grater e a Adeliaçor associaram-se a outros três grupos de acção local (GAL), nomeadamente a associação Ouest Tarn, dos pirineús franceses, a Serre Calabresi Alta Locride e a Etna Valle Dell'Alcantara, de Itália e a associação ASODEBI, de Espanha.
“É já um dado adquirido que existem já um núcleo de turismo sobre rotas de vinhos. E a intenção é criar um pacote, um circuito, uma página de internet, em que o turista sabe que pode ir ver uma rota de vinhos em Itália e que, a seguir, pode vir aos Açores, aos Biscoitos ou ao Pico”.
A Associação Internacional das Rotas do Vinho - ITER VITIS, composta por instituições de 17 países, que criou a Rota Cultural dos Caminhos da Vinha na Europa, já classificada como Itinerário Cultural do Conselho Europeu.
2011-01-31 00:00:00